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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Crianças dizem que palmada não resolve

"O castigo físico, quando aplicado por um longo período,
não surte mais oefeito desejado pelos adultos,
ou seja, o comportamento infantil indesejado segue
acontecendo. O que ascrianças
afirmam é que não lembram o motivo pelo qual foram castigadas".

esta é uma das conclusões da pesquisa realizada por ONG no Rio de Janeiro que ouviu crianças e pais sobre a pratica de bater para educar. acompanhe alguns trechos que selecionei da reportagem. para saber mais clique www.rediandi.org.br

por Lea Cunha e Maíra Streit
Publicado em rede Andi 26 01 2010

Como as crianças se sentem quando são castigadas fisicamente com tapas, puxão de orelha, chineladas e outros meios? O que se passa com elas quando ficam presas em quartos escuros ou são humilhadas? Elas são capazes de entender por que os pais as agridem (mesmo quando dizem bater para educar)?

Um estudo realizado pelo Instituto Promundo (organização não governamental brasileira que funciona há doze anos no Rio de Janeiro) ouviu pais e crianças em três comunidades cariocas para compreender melhor como eles veem o fenômeno dos castigos físicos e humilhantes. O trabalho, intitulado Crianças Sujeitos de Direitos, envolveu, ao todo, 65 crianças e adolescentes e 600 pais, mães e cuidadores de crianças.

Como parte do mesmo estudo, foram promovidos 45 encontros de sensibilização e uma campanha comunitária com o objetivo de modificar as práticas da educação infantil por parte das famílias e reduzir atitudes e comportamentos de violência intrafamiliar. Além disso, o projeto desenvolvido pelo Instituto pretendia identificar que estratégias teriam sucesso na promoção desses relacionamentos mais harmoniosos e não violentos para a erradicação do castigo físico contra a criança e promoção do desenvolvimento infantil no âmbito familiar.

Raio-X dos Castigos Físicos

Os piores métodos de castigo apontados pelas crianças foram a palmada no braço; ficar de castigo no banheiro; ficar de castigo no quarto; tapa na cabeça; paulada; puxão de orelha e chinelada. A maioria delas admitiu sentir medo, tristeza e raiva quando sujeitadas à punição física ou humilhante. Relatos dos especialistas que participaram do processo apontam que o tema levantou sentimentos muito fortes. Foram constatadas sensações de tristeza, infelicidade, depressão e, principalmente, dor e raiva quando os pais utilizam castigos físicos e humilhantes. Os depoimentos também apontam que as crianças sentem rejeição, menosprezo e marginalização. Elas relataram humilhação e impotência pelo fato de não poderem revidar o que foi sofrido.

Meninos e meninas ouvidos na pesquisa também disseram ficar muito ressentidos nos momentos em que sentem que seus pais não os escutam nem levam seus desejos em consideração. Muitos descreveram tentativas desesperadas de tentar se fazer ouvir pelos adultos. Há também uma carência por mais demonstrações de afeto e uma escuta atenta por parte de pai e mãe.

A mãe foi a pessoa que apareceu com maior frequência nos depoimentos das crianças como a aplicadora de castigos, principalmente os físicos, seguida dos irmãos e tios. O estudo aponta que isso se deve, provavelmente, ao fato de que elas passam mais tempo com seus filhos do que os demais.

Quando as crianças foram indagadas diretamente sobre as alternativas que seus pais poderiam usar para discipliná-las ao invés de utilizarem castigos físicos e humilhantes, a única possibilidade levantada foi que elas não repetissem o comportamento que desagradou seus pais, talvez porque o uso do castigo físico já seja legitimado e internalizado como correto. O castigo físico, quando aplicado por um longo período, não surte mais o efeito desejado pelos adultos, ou seja, o comportamento infantil indesejado segue acontecendo. O que as crianças afirmam é que não lembram o motivo pelo qual foram castigadas.

Ouvindo pais e mães

Os pais e mães ouvidos na pesquisa acreditam que estão batendo para educar, mas se esquecem que estão utilizando a mesma justificativa para conter ou punir a violência das crianças quando estas apresentam comportamento agressivo. Isso foi observado em um grupo de crianças que relatou apanhar após baterem nos seus irmãos. As declarações indicam que os pequenos reproduzem o comportamento violento dos seus pais. A chamada “transmissão geracional da violência” foi uma hipótese bastante considerada, pois algumas crianças, em seus discursos, afirmam que educarão seus filhos com violência, como seus pais. Essa contribuição negativa reforça a ideia de que a violência é um método educacional aceitável e a constante exposição à agressão faz com que os pequenos recorram mais facilmente a ela no trato com as outras pessoas.

As principais questões levantadas pela pesquisa foram: Como promover uma educação sem violência contra crianças e estimular a sua participação no ambiente familiar? Como medir mudanças de atitudes dos cuidadores em relação às crianças? Quanto tais mudanças reduzem o uso dos castigos físicos e humilhantes contra crianças?

Dentre as lições aprendidas foi ressaltado que filho é sim assunto de homem; que castigo físico e humilhante está totalmente naturalizado e incorporado no cotidiano das famílias e há dificuldade em reconhecer tais atos como violência. Foi dito pelos grupos que existe necessidade das cuidadoras terem um espaço de escuta e compartilhamento de sentimentos com os pais sobre o dia-a-dia com os filhos deles; que falta bases de apoio na criação dos filhos. Concordaram que o ciclo da violência no espaço da casa é reproduzido e que é importante ouvir e conhecer experiências positivas de educação dos filhos.

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